
...Assim que entrou na casa pôde perceber o quanto havia perdido. A majestosa e velha casa de seus pais era muito mais do que seu lar. Era quase como um túnel do tempo, regredindo ao passado. Eram lembranças, memórias, histórias, canções, balanços na rede e plantações de árvores por todo o quintal. E agora tudo aquilo era apenas...cinza. A mais vagabunda e pura, aquelas migalhas esfareladas por todos os lados. Depois que soube que a casa de seus pais fora incendiada, algumas horas antes, ficara em dúvida se devia ir correndo ao encontro de tudo aquilo ou fingir que simplesmente não havia acontecido. É verdade que seus pais não morassem lá há muito tempo, desde que partiram. Mas tudo deles estava ali. O cheiro, as cores, uma porção de retratos e diários. Ela realmente havia perdido muita coisa. Então resolveu que, dali para frente, não perderia mais nada: pegou um punhado da cinza do chão e guardou na bolsa. Talvez aquilo a fizesse lembrar de tudo o que havia vivido ali. Talvez a fizesse recomeçar, sem se esquecer da velha casa, de seus pais, daquela coisa toda. Talvez fosse uma maneira de se perdoar por todos aqueles anos de um esquecimento proposital, e uma chance de ser boa de novo.
- Meu conselho para todos aqueles que querem se encontrar, é continuarem bem onde estão, caso contrário é grande o risco de se perderem para sempre.
- Meu conselho para todos aqueles que querem se encontrar, é continuarem bem onde estão, caso contrário é grande o risco de se perderem para sempre.

