Outro dia eu estava na loja de conveniência e quando saía para entrar no carro, notei que dois garotinhos de uma média de 8 e 12 anos pararam para me observar. Geralmente nessas situações eu costumo ficar confusa, porque não sei se estão olhando pra mim ou pras minhas sacolas. Mas naquela ocasião eu tive certeza que olhavam, com muita fome, os pacotes que eu trazia. Fui em direção deles que, imediatamente, recuaram, como cães amedrontados. A expressão é forte mas é real. Lhes ofereci uma grana pra comprar, quem sabe, pão e leite. Mas eles - muito educadamente, vale lembrar - recusaram, e disseram que não queriam encomodar. Eu falei "Tudo bem, podem aceitar. Eu não vou ficar pobre por causa de 10 reais.", e joguei o dinheiro no colo deles. Aí eu fui embora.
Pensando nisso, um tempo depois, eu me senti envergonhada. Realmente eu não ia ficar pobre por causa de 10 reais, mas nem eles enriqueceriam com isso. Provavelmente iriam se alimentar e esperar a próxima boa alma. Mas talvez não era disso que realmente precisassem.
Hoje, enquanto caminhava na rua, passei pela mesma loja de conveniência. Nem me lembrava mais do fato até encontrar com os dois garotos novamente. Eu acho que foi uma forma de Ele me perdoar por eu ver como estavam bem (a mãe carregava um no colo enquanto o pai segurava o outro pela mão) ou de Ele me punir por eu perceber o quanto eu podia ter feito naquele dia. Mas mesmo assim, fiquei feliz. Algo de bom aconteceu. A sorte deles finalmente mudou.
"Muitas são as aflições do justo,
mas o Senhor de todas o livra." Salmos 34.19
Monday, May 05, 2008
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